quinta-feira, 23 de julho de 2009

“Vestida Com Teu Corpo”
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Inúmeras vezes observei aquele nick feminino. E, por mais que o fizesse, nunca conseguiria chegar perto do motivo que levou àquela mulher tomar aquele nick como sua identificação no chat. Contudo, tirava para mim algumas certezas a partir também, da mulher que sou. Não era tão difícil imaginar o efeito provocado por uma causa sugerida no nick... rs...

“Vestida Com Teu Corpo” – certa vez conversei com a proprietária do nick. Não me alonguei muito na conversa, mas ela disse ser uma Poetisa. E, passei a acreditar mais ainda no seu nick. Somente uma alma de Poeta para dar a dimensão do sentido de um nick vestido com a pele, a carne, o todo do outro.
Claro, questionamentos eu me fazia também. Será que estar vestida com o corpo do outro é o mesmo que estar vestida na íntegra, desse outro? – E, ao mesmo tempo eu percebia que essa coisa do racionalismo em teimar entender esse “estar ou não”, nem importa muito para quem se veste à vera do corpo do outro.

Estar vestida do corpo do outro...
E do meu corpo? Esse outro do qual me visto, também se veste do meu?

O inverno do meu corpo permite buscar agasalhar-me no outro, mesmo quando por aqui não está. Mas e o meu, agasalha também? Somos à mesma medida, corpo e alma? Se o somos, não há com o quê se preocupar – pois não há invasão. Mas se não o somos, nosso discernimento escapou por alguma fresta entre o sentir, misturando-se ao desejo frenético que as emoções proporcionam e invadiu somente o corpo com o qual quero estar vestida. Vestida somente no corpo – nada, além disto.

Eu ficava pensando como é isso no real e na Poesia... rs...
No real, há dúvidas que jamais serão desfeitas.
Na Poesia, é mágico esse pensamento do poder estar vestida do outro, numa investida do tudo ou nada. Mais pra tudo, que pro nada. A Poesia permite.

Na Poesia, estar vestida do outro é ter olhos para a mesma direção e acolher o desejo com o mesmo abraço. É ter braços firmes nesse enlace. Braços ternos nesse aconchego.

Na Poesia, estar vestida do outro é ter ouvidos àquelas melodias que só Zeus conhece e, que permite Eros derramar sobre os mortais. Deleite total!

Na Poesia, estar vestida do outro é ter em harmonia a química das fragrâncias exaladas a cada gota de suor escorrido num e noutro, quando juntos. É fazer caminhos, corredeiras rasgando a pele e deixando um mapa definido da exploração permitida, nos corpos agora somente corpo.

Na Poesia, não existe o vestir somente o corpo, é “sine qua non” para o depois da existência deste. A memória afetiva ficará, com certeza, cravada no tempo da existência do sonho concretizado. Tem alma o vestir-se do outro.

Na Poesia, não há limite entre acarinhar e acariciar – um é dependente do outro. E nenhum tem pecados. São a ceia servida no banquete com o melhor de nós, para nós.

Na Poesia, não há o meu ou o desejo do outro corpo. Tudo acontece sem que sejam necessários os “trâmites”, quando vestida do outro me encontro.

“Vestida Com Teu Corpo” – assim sugere este nick tão carregado de Poesia, assumido por uma Poetisa que espelha, com ele, a fertilidade do imaginário poético, numa sala de chat. E, mesmo que nem tudo seja Poesia num ambiente como este, vale mesmo o que se pode traduzir com bons olhos do que se lê.
Eu, quero continuar lendo um nick poético.
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“...E os teus olhos teem que ser só dos meus olhos
Os teus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.”

(“Minha Namorada” – Vinícius de Moraes/Carlos Lyra)


“...Vem comigo
Meu pedaço de Universo é no teu corpo
Eu te abraço, corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos...”

(“Universo no Teu Corpo” – Taiguara)


“...Vou ficar até o fim do dia
Decorando a tua geografia
E esta aventura em carne o e osso
Deixa marcas no pescoço
Faz a gente levitar
Tens um não sei o quê de paraíso
E o corpo mais preciso
Que o mais lindo dos mortais
Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já beijou...”

(“Paixão” – Kleiton & Kledir)


segunda-feira, 20 de julho de 2009

Todo dia é dia do Amigo!
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Quero falar a um amigo. Como fazê-lo? – rs... seria suficiente tê-lo por perto.
Ah!... como faz falta um amigo, quando estamos num lugar distante dele.
Saudade do amigo, dói. Dói, porque amigo é parte integrante e solta da alma nossa. Amigo é feito de liberdade.

Amigo é “aquela coisa”, “ser”, “troço”... rs..., que a gente tem para enfeitar a “sala do ego”. É verdade! Quem melhor que o amigo para dizer quem somos? Quando se tem amigo (s), adquire-se também identidade: “...ele é meu amigo.”; “...claro, ele é meu amigo e também de fulano.”; “...pô, ele é um grande amigo! Gente boa, nossa!...” – e assim por diante. O amigo dá identidade.

Amigo, começa com “amor” pela letra inicial.
É o ser que às vezes nem sabe que faz falta. É a simplicidade da existência, constante. E, mesmo quando tem que ser rude, o é com muito carinho.

O carinho do amigo em determinado momento faz mais falta que o do ser amado. Verdade!... Contamos coisas ao amigo, que jamais contaremos ao parceiro(a). O momento do “nó na garganta”, das emoções mais fortes, quem sabe mais é o amigo.
Todo amigo consegue ser também namorado. Mas nem todo namorado consegue ser amigo. Talvez por isso mesmo, um grande amigo desperte tantos ciúmes no ser amado... rs...

Ah!... quantas pessoas um amigo consegue ser. Tem amigo que ao notar a necessidade do momento, transforma-se até em “palhaço”só pra arrancar um sorriso dos nossos lábios. E, maioria das vezes consegue. Faz da vida da gente um grande circo com as melhores atrações jamais vistas por nós mesmos. Nos leva para a arquibancada da vida. E, de lá, podemos assistir com mais clareza as cenas do nosso cotidiano – nem tão artisticamente perfeitas, mas com bilheteria certamente.

Amigo, apesar de “Caro” é um “Barato”!!!

Um sussurro no ouvido do ser amado é a libido em plena ação. No ouvido de uma pessoa qualquer é sinal de fofoca. No ouvido de um palestrante é correção ou indicativo de que o tempo está se esgotando. No ouvido da mãe é apelo para alguma compra (considerada desnecessária, para a mãe... é claro). Mas um sussurro no ouvido do amigo, é cumplicidade.

Só um verdadeiro amigo sabe que ser cúmplice nem sempre é ser parceiro no silêncio. E amigo tem liberdade pra isto.

Amigo, às vezes, vive da sobra da gente. É, tem hora que no meio do egoísmo só nos lembramos do amigo no final da festa. E ele fica lá... quietinho. Sentado no banco da vida. Esperando ser atendido por um sorriso nosso – sinal de vida presente. Porta do mais íntimo carinho a ser doado ao amigo, repartido.

Amigo é aquela festa gostosa que nunca tem fim ao amanhecer, pois ele é o brilho de todas as manhãs ensolaradas.
Amigo é aquela ausência incômoda, quando se faz presente na saudade.
Amigo é o que sabe dar abraço apertado não só com os braços, mas no espírito da gente. É a flor botão, aberta, murcha, semente viva que não deixa morrer o amor. E, mesmo não podendo plantar um pé de amigos, podemos plantar um amigo ao pé da letra na alma da gente.

Amigo é a essência natural do frasco da vida aromatizado por Deus! Portanto, é bálsamo!

Amigo não precisa de dia comercial para ser lembrado. Todas as preces aos meus amigos, jamais encontrei à venda em quaisquer lojas. E em nenhuma delas tem o presente que esteja à altura do meu apreço, ainda que minha conta bancária fosse fantasticamente maior que a do homem mais rico do mundo material.

Inventaram um dia para o amigo, mas se esqueceram de dizer que amigo tem em todos os dias os seus dias no peito da gente. Portanto, fica o meu carinho maior a todos os meus amigos.
Digo aos amigos, que minha existência é perfeita. E, que se eu tivesse que escolher entre continuar viva tendo, obrigatoriamente, que conhecer mais pessoas ou morrer agora, escolheria morrer agora... pois, os amigos que tenho são suficientes aos meus dias. Vocês, amigos meus, me bastam!
Um beijo no coração de vocês!!!

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“- Salve!
- Como é que vai?
- Amigo há quanto tempo?...”

(Amigo É Pra Essas Coisas – Sílvio da Silva Jr e Aldir Blanc)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Bailando às escuras...


- Foi escrito para um casal de amigos, que, faz tempo, perdeu o passo num descompasso da vida a dois... que pena!
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Cada passo das personagens (Jatobá e Vera - novela América) no salão da Estudantina, retira suspiros, mesmo de pessoas que jamais vi sentarem-se à frente da televisão - medo de serem chamadas de noveleiras (risos...).
Percebo nos olhos delas o mesmo delírio que impulsiona o casal da telinha. Vejo passar por suas retinas, o baile do passado. O passo dado. O aconchego dos corpos. Os sussurros ao pé do ouvido. O toque das mãos na cintura, no ombro... E, tudo, visto num tempo muito distante. Como se suas vidas tivessem ficado pra trás e necessitassem daquelas personagens, daquela novela, para que pudessem voltar a bailar (pelo menos sonhando separadamente).


Lá, na novela, tudo é mágico. O tom verde dos vestido de Vera, de um tecido macio e esvoaçante. O decote que mostra a sensualidade da mulher bem amada. As mãos fortes do homem que a segura, mesmo sem saber de qual direção ela virá com o próximo passo (a personagem de Jatobá é cega), mas sabe que ela virá. Não faz diferença enxergá-la, basta sentí-la.
A iluminação do salão sugere o colorido dos sonhos da Gata Borralheira. A melodia remete às emoções, que só mesmo um príncipe de olhos como os de Jatobá (de um azul macio e terno), pode provocar na pele da mulher que espera rodar pelo salão de maneira leve, contudo sedenta desse amor em paz.


Mas, voltando ao sofá diante da telinha, vejo olhos fixos marejados e interrogativos: "Aonde foi que eu perdi o passo? Em qual parte da melodia?" - E, ao final da cena, vejo-os levantar em direções opostas - sala, cozinha (numa paradinha rápida para um gole d'água e, janela).
A janela da rua continua então, o que a telinha interrompeu. Só que, na telinha, as luzes já se apagaram. O capítulo terminou. Mas, aqui, o espectador continuou..., bailando às escuras.

Ela, sem as mãos que a segure forte, vem trôpega.

Ele, perdido nos passos e sem ritmo. Não há vestido verde. Não há olhos de príncipes. Não há mais sussurros...


E a melodia daqueles anos idos ecoa naquela sala pra quem quiser ouvir. Só é interrompida pela voz dela que chega e pergunta meio tímida: "Posso servir o jantar?"
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Deixo aqui o meu beijo a esses amigos, desejando que eles voltem um dia desses a acertar o passo dentro da melodia, que sei, ainda toca-lhes o coração.

terça-feira, 19 de maio de 2009



QUANDO A ILUSÃO ADOECE
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Segundo o Aurélio, ilusão significa: 1) Engano dos sentidos ou da mente, que faz tomar uma coisa por outra; 2) Sonho, devaneio.

Tomando a primeira explicação para a palavra, tenho comigo algumas observações sérias sobre os últimos acontecimentos , por mim presenciados, em algumas salas de chat.
Vejamos: a ILUSÃO, por si só, é considerada um engano dos sentidos. Contudo, muitos de nós a vive de maneira como se fosse um bem para os sentidos.
Às vezes tratamos da ILUSÃO assim tal qual tratamos com a realidade – isto é devaneio. E, DEVANEIO, também segundo o Aurélio é = DELÍRIO. Por outro lado, ILUSÃO, DEVANEIO E DELÍRIO também correspondem ao SONHO. Mas, por que será que ao nos referirmos ao SONHO, nossos pensamentos são sempre mais delicados e tratados de forma mais doce? Não o encaramos como tendo o mesmo significado da ilusão, do devaneio ou do delírio. Estaríamos mais uma vez nos iludindo em relação ao nosso sentir os fatos que construímos nos nossos delírios?

É, por conveniência ou por ignorância nossos devaneios tomam, por vezes, formas exacerbadas e altamente perniciosas. Mas continuam sendo sinônimos de SONHOS, DELÍRIOS, ILUSÕES...

Para quem convive com o delírio de outras pessoas, nem sempre é fácil aceitar o que vem de forma transformada, exagerada e nos parecendo até deformada por um sentir e fazer das coisas, uma forma de agressão.
É, muitos em seus delírios, agridem facilmente aos outros e com muita convicção de estar defendendo alguma coisa concreta – esta é uma situação muito comum nas salas – a Ilusão é facilmente confundida com o real.

O sonho de, a ilusão de, o delírio de, o devaneio... tudo tudo correspondendo à medida do desejo de ser alguma coisa distante daquilo que é real, e que em nada agrada.

As situações de delírio chegam ao ponto crucial no que tange aos duelos nascidos na ilusão de se estar defendendo uma propriedade, cuja única garantia (se é possível ter) está na presença de um nome roubado e escrito ao lado direito da tela. Duelos por nick’s – sabe-se lá, por quem!?...
Nessa ilusão vem como brinde uma dose a mais de alucinação, que, por sua vez, traz outras situações que somente o delírio pode produzir – devemos lembrar a questão da semântica para o caso.

Trocando em miúdos, a possível oportunidade de acabar com a solidão, mesmo que seja por somente as horas contadas nas salas, leva muitas pessoas a “escrachar” com as outras, mesmo sem saber se o objeto da sua delirante e suposta disputa é ou não é do sexo oposto. Se é hetero, homo ou bissexual.
Mas a ilusão instalada uma vez, transforma-se e leva ao delírio, que eleva e releva o devaneio, que enleva o sonho. (lembrando sempre a semântica).

Nem sempre estar diante do que se nos apresenta como certo, garante que tudo ficará bem em nossas vidas. A visão do que nos parece certo, pode apresentar-se como uma miragem num deserto criado pela própria ilusão. E, pior, no deserto que somos na hora em que somos. Contudo, e estando dentro da situação, difícil mesmo é saber o que é ou deixa de ser certo. E aí? O quê fazer? – Fazer nada seria muita coisa a fazer, já que o tempo ocioso desse fazer a toda hora estaria cobrando decisões. E a pior cobrança é a que fazemos a nós mesmos.

Assim, às vezes ficamos por longo tempo amargando aquilo que a ilusão prometeu ser delicadamente adocicado aos nossos sentidos. Aquilo que a ilusão prometeu ter canção suave de ser ouvida; cheiro com o frescor das manhãs ensolaradas; cores como as do arco íris; gosto de maçã e carícia de mãos leves.

Perdidos, na ilusão, ficamos atropelando a razão. Isolando-a como se fosse um mal que nos tirasse a seco um órgão vital. E descompromissados com as certezas que quiserem se apresentar, nos fazermos de cegos, surdos e mudos.

Novamente a questão aparece: quando dentro da ilusão, saberemos o que fazer como sendo o certo? Quando um sonho poderá dar a medida da razão nas nossas ações? Quando poderemos, no devaneio, saber se estamos errando com pessoas e fatos que se nos apresentam como sendo reais, mas que são somente ilusórios?!...

ILUSÃO, SONHO, DEVANEIO, DELÍRIO... rs...
Não seria a própria vida tudo isto?
Vivemos buscando... e toda busca está carregada de sonhos.
Vivemos sob a ilusão do encontro com aquilo, aquele, aquela, que nos fará melhores e/ou mais felizes – isto ainda é sonho.
Vivemos fantasiando (mesmo não admitindo) momentos com diferentes representações ao nosso bel prazer – isto é devaneio.
Vivemos a alucinação de cada sonho num delírio quase ofensivo para a ilusão, que desarmada adoece a cada descuido quando acordamos do sonho.
E então?

Vi muitos sorrisos se fecharem.
Li muitas ofensas por delírios.
Testemunhei muitos sonhos acabados.

As salas continuam cheias. Pessoas que mudam de nick a cada vez que adoece a ilusão. E, pensando ser diferente, voltam com o sonho de fazer do seu delírio o melhor remédio para a solidão. Solidão esta que justifica tantos sonhos sonhados na ilusão de poder arrancá-la do peito uma vez por todas.
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Doce Ilusão

Vim cansado de mim
Voltei como quem não foi
Foi só te ver
Pra ver que viver sem você
Vai ser triste demais
Vai ser nunca mais
Teus beijos de amor , teus ais
Mas ficar com você
Pode ser pior
Muito mais triste que sozinho
É amor de verdade
Ou mais uma ilusão
Veneno que alegra o coração
Vai me deixa em paz
Vai ser bem melhor assim
Não quero mais
Olhar teu olhar
Nem ouvir tua voz me mentindo
Sorrindo pra mim
Dizendo te quero amor
Quem sou eu? Onde estou?
Já não posso mais
Fugir, fingir
Agora é tarde
Nada disso é verdade
Diz a voz da razão
Calando a dor do coração
Às vezes o sim dói mais que o não

Nada disso é verdade
Diz a voz da razão
Calando a dor do coração
Às vezes o não dói mais que o sim
Às vezes a vida faz assim...

(Ed Motta e Nelson Motta)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dia 15 de maio/2009 você pode ter um encontro com a
BRASILIDADE NO MELHOR ESTILO no Café Restaurante Palácio – Bossa Nova e Samba Jazz, às 21h

Sônia Reis – voz
Henrique Silva – violão e voz
Eliseu Jr – sax/flauta

Rua Buarque de Macedo, 87 – Catete / Rio de Janeiro

– Reservas (21) 2556-6020
Ingresso R$20,00 (c/ bônus de R$8,00)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quero ser seu deus...
Quero ser sua deusa...

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A espera tem momentos que coloca cada um de nós numa situação pueril digna de gargalhadas.
Tem momentos de espera que se assemelham ao dia do Natal.
Na corrida para o pé da árvore, tropeçamos nos brinquedos que até então eram os mais queridos. Mas, diante da possibilidade do novo, estes ficam em segundo plano. Podem até se perder de vez... rs...
Espera em qualquer idade tem o mesmo significado e traduz as mesmas expectativas. Não em uma ou em outra dimensão. No estado de espera todas as emoções são sempre imensas. A espera mexe com o não sei o quê e deixa quem espera não sei como.

Ter que esperar é diferente de saber esperar, que, por sua vez, também é diferente de esperar por querer.

Ter que esperar compreende duas situações: a primeira ligada ao “ter” que quase sempre vem de maneira imposta à nossa vontade. E a segunda voltada, mesmo dentro da primeira, à expectativa do momento em que se dará o final da espera. Este “ter” apesar de tirar parte do encantamento daquilo que é esperado, ainda assim mexe com a organização do sentir – misturam-se sentimentos de repulsa e ansiedade de maneira tal, que ao final a confusão se estabelece deixando sempre a dúvida. Mas quem há de confessar?!...

Ter que esperar lembra também festa de aniversário, quando se é criança, cujas, ordens, são sempre as mesmas “tem que esperar ser servido”, e por aí afora...

O “ter que esperar” somente numa situação, parece, não deixar que a espera (de fato) seja tão incômoda – é quando se espera por um filho. Esta espera tece longos caminhos durante este processo do “ter que”. O “ter que” neste caso, vira sinônimo de aprendizagem para desenvolvimento da paciência, da tolerância, da observação da e na própria espera.

Saber esperar é outro processo, que também envolve a paciência, só que, com sabor diferente do “ter que”.
Saber esperar implica entender as razões pelas quais estamos à espera. Sabendo das razões que nos levam a isto fica mais fácil esperar. Encontramos justificativas para a demora, para a ausência (quando nunca chega o quê ou quem esperamos), para uma chegada adiada em cima da hora, etc.
Saber esperar vira um exercício quase revestido de santidade, pois o sorriso da conformação está sempre estampado na face e o coração aprende a não ficar sobressaltado por alarmes falsos.
Saber esperar é também um pouco doentio, já que acomoda os sentidos.
Saber esperar engorda, dá calo no cotovelo que apóia o corpo no parapeito das janelas e na mesa do computador, deixa a ponta dos dedos dos pés cansados de tanto esticar o corpo para enxergar lá no horizonte um pequeno sinal de uma chegada... rs...

Esperar por querer... afff...
Este é um processo muito confuso. Nele residem o “ter que” e o “saber esperar”. Complicado a convivência da imposição com o conformismo. A imposição do “ter que” revela sempre os conflitos que apelam para a compreensão do “saber esperar”. E, o “saber esperar” assume ainda mais a conformação de situações nem sempre claras.
Mas o “esperar por querer” tem um álibi: sempre fixa o olhar somente naquilo que quer que venha. E, quando avista a possibilidade da chegada, não se perde primeiro na emoção, entende a razão do querer e vai ao encontro. Aí neste momento o que era “esperar” passa a ser encontro. Não um simples encontro, mas um encontro buscado dentro das possibilidades apontadas num tempo de chegada para o quê ou quem possa vir. Um encontro marcado e escrito primeiro nas estrelas, depois para os simples mortais que somos.

O “esperar por querer” nunca abre antes do tempo a porta, porque sabe que não há trancas que deixem do lado de fora o que se quer por perto ou com.
Sabe, exatos, quantos passos residem numa chegada. E, por sabê-los, entende os conflitos do “ter que” associado ao “saber esperar”, dando um colorido diferente e equilíbrio na certeza do que virá.

É assim no “esperar por querer” que funciona a porta de entrada de uma sala de bate papo. Estar à espera por querer, apesar de em muitos momentos mexer com valores, sentimentos e desvelos, alimenta sonhos. Dribla a razão e parte para o ataque na certeza do gol (às vezes, contra). Mas, em time de somente dois, até o que é contra, pode também ser a favor... depende do ângulo que se queira assistir a finalização... rs...
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As salas guardam histórias de anos de convivências pautadas na “espera”. Uma que já foi por “querer” e hoje é por “ter que”; outra que já foi por “ter que” e hoje “sabe esperar” , mas maioria por “esperar por querer”.
Esperar até que entre à medida da ilusão de cada um que espera, aquele ou aquela que fará em cada palavra teclada um movimento tão revolucionário na vida de quem está à espera, que os céus descerão à terra e derramarão constelações inteiras para enfeitar a Noite de Cada Bem – mesmo daqueles que se fazem “expert” nessas relações e se dizem durões. Mas que permanecem lá por anos a fio... rs...
Parece exagero, mas não é não. Ilusão e sonho sem cor, sem céu, sem estrelas salpicadas e sem sino badalando no compasso do coração, é realidade. E, o que menos interessa nas salas é a convivência com o que é real.
A necessidade do irreal é tão grande que extrapola os níveis aceitáveis de uma relação normal, mesmo que à distância e sendo virtual, não altere a condição humana de quem participa do jogo – as pessoas são as mesmas, só mudam as máscaras.
A multiplicidade de personalidades é tamanha, creio que faça com que cada indivíduo até acabe por se perder em tantos “si mesmos”. Contudo, e ainda assim, se espera por querer esperar. E, mesmo com todas as certezas das ilusões de uma noite de Natal, a corrida ao pé da árvore não cessa à busca do novo brinquedo que chega ao amanhecer. O que estiver à frente pode sim ser atropelado, pisoteado e/ou chutado para lado – já que não tem mais valia – foi de um Natal passado.

Na sala o tempo exclui por si só seu domínio da razão. Não há razão suficiente para se estar num tempo real. E, o que é irreal não precisa mesmo de ter razão para existir. É como uma Poesia que nasce de um momento tão único, que só se pode lembrar ao revisar o que foi escrito – isto, diga-se de passagem, pelo Poeta. O momento de quem lê, nunca será “tão único” como o dele.

Esperar por querer faz dos dias os tapetes mágicos para as noites de mil e uma fantasias adornadas de comportamentos estrategicamente elaborados. Faz das noites de mil e uma fantasias o sustento das personalidades adquiridas e das crenças dos amores possíveis. Os impossíveis não existem na virtualidade. Todo amor é possível e “qualquer maneira de amar vale à pena”.
Esperar por querer atravessa a ponte do inimaginável e encontra dentro do que é irreal a possibilidade de possibilidades existentes nos fantasmas que povoam os pensamentos dos que sonham com um rosto, um corpo, uma voz, um olhar , que jamais estarão presentes no meio do que é real... do que é palpável.

Esperar por querer mantém a chama da vida acesa e cuidada, mesmo em dia de ventos fortes anunciando grandes tempestades. E, cada nick que transpõe os umbrais imaginários da entrada de uma sala, pode sim ser aquele que se quer esperar. Pode sim ser aquele que se esperou por tanto tempo. Pode sim ser o passaporte para a felicidade transferida de um plano cheio de insatisfações, para outro onde as ilusões teem muito mais força, e, que, portanto, enchem de vida e de esperança cada um que espera por querer, aquele ser que idealizou.
Esperar por querer abate na grande arena do “sempre à espera” o “nunca espere”. Esperar por querer tem força íntima. Guarda o segredo dessa força que induz a busca e faz descobertas, no mínimo, fantásticas!
Esperar por querer esperar, garante o abraço final. Garante o sonho colorido. Garante o idealizado diante dos olhos, e aquieta por longo tempo, corações solitários, mas que ainda pulsam. Garante a sanidade da insanidade humana, porque o deleite amortece a fúria. E, a fúria de quem nunca quis esperar é no mínimo, letal – porque nunca olhou pra vida sob todos os prismas e, portanto, nada sabe de possibilidades.

Neste exato momento alguém está à espera que eu ou você ultrapasse os umbrais da entrada de uma ou de qualquer sala, para uma nova tentativa da realização de um sonho a ser sonhado junto. Neste exato momento, cada um de nós pode ser a chave que abrirá a porta da sala principal onde o Bom Velhinho deixou ao pé da árvore o presente a ser trocado e apreciado por alguém. E, tenha certeza, quem vier buscar, virá como criança - numa corrida frenética atropelando o Natal passado, que o tempo permitiu que a memória excluísse.
No sonho, a ilusão permite que deuses e deusas desçam à terra e passeiem sobre tapetes de constelações.
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“A Deusa da Minha Rua
( Newton Teixeira / Jorge Faraj)

A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol, num dourado sonho
Vai claridade buscar
Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz
Na rua uma poça d'água
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu
Para o chão
Tal qual o chão de minha vida
A minh'alma comovida
O meu pobre coração...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Feitos de silencios e sons…
A razão cala o coração dispara...
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De quantos silencios é feita a expectativa? Quantos sons permeam estes silencios? Quais são as vozes que fazem calar o peito, impingindo a ele um silencio deveras não seu?

Existem sons que trazem silencios que sustentam a razão. E, de uma maneira tal, que fazem calar no peito aquilo que o corpo precisa como sinal de vida. São os silencios que povoam as expectativas... misto de alegrias pelas possibilidades supostas e medo do quê possa vir silenciosamente habitar o sentir.

Existem sons que teem uma relação intrínseca com a expectativa.
O “clicar”do mouse, o “bip” ou qualquer outro “som de alerta” anunciando quem chega ao seu objeto de comunicação – seja celular, skype, MSN e/ou Sala de Bate Papo.

Há algum tempo, esses sons substituíram o barulho das chaves na porta da frente. Sentia-se um frio no estômago e, este escorria por todo o corpo... porque era a hora do abraço cheio da saudade de um longo dia feito de ausências.
As chaves da porta da frente, na realidade, abriam (para muitos ainda abrem) emoções tantas, que não entendo o porquê de nunca se ter feito um monumento a elas. E lá poderiam estar inscrições do tipo: A CHAVE QUE ANUNCIA O MEU AMOR ou A CHAVE QUE ABRE A PORTA QUE ILUMINA OS MEUS MELHORES SENTIMENTOS ou ESTA CHAVE É A QUE TRANCA OS MEUS MEDOS... e por aí afora – sugiro, pense numa inscrição para a sua chave... rs...

A chave objeto concreto, tem um poder incontestável sobre a vida humana. No sentido figurado ou literalmente, dispondo explicações pormenorizadas, sobre suas funções, pode contar muitas histórias. Das mais íntimas às mais suspeitas pela madrugada afora.
Ela ainda traz simbolicamente o poder de libertar o sucesso pessoal de cada ser ou trancar de vez e impedi-lo. E, então poder-se-ia perguntar: ONDE ESTÃO AS CHAVES QUE PODEM ABRIR AS PORTAS TRANCADAS QUE IMPEDEM QUE EU FAÇA UMA VISITA AO MAIS ÍNTIMO DE MIM MESMO? – Pois é, o mouse, os bips etc, aposentaram o sons das chaves. Foram até mais longe, substituíram também o velho barulho do ronco dos motores dos carros velhos. E também dos novos.
Seus sons – do clicar, do bip etc – substituíram também as buzinas. Acabaram por contribuir para a despoluição sonora à frente dos prédios, que conviviam a qualquer hora com os “fonfons” e outros sons mais alucinantes.
Eles – o clicar e os bips, etc – diminuíram a poluição do ar... rs... Já não se anunciam mais a chegada com o velho cheiro de gasolina, quando, ao arranque do motor, podia-se correr reconhecendo o carro da pessoa amada.

Tudo isto acontecendo...
Mas, estes sons (o clic, o blurup etc) regem um silêncio muito maior nas salas. Um silêncio muitas vezes imposto pela razão, que se perde e se retira de si mesma. E explode em urros que o coração declara (e em silencio), as emoções ao reconhecer quaisquer desses sons em determinados momentos.
Este estado de espera faz sobressaltar o sangue das veias exigindo mais movimento do coração – este que abriga os urros cortantes do silêncio imposto pela razão.

Quantas serão as vezes em que a expressão maior do riso de contentamento, terá que ficar no silencio da sala onde se encontram a sós todos os sentidos? Onde se encontram o pulsar silencioso de uma emoção contida... não saciada no seu desejo de tocar , de sentir o aroma da pele do corpo que se desconhece.

Feitos de silêncios e sons são as emoções do pós modernismo. Silêncios, sons...\

Às vezes o grito sai numa melodia quase silenciosa, que suavemente invade os ambientes das salas. Ali, naquele momento desenham-se silhuetas do cansaço da espera, do cansaço de si mesmos, do contentamento de se estar em silencio, mas sabendo-se ouvido.

Desenham-se silhuetas de encantamentos e desencantos que dançam silenciosamente ao som dos clic’s e dos blurups.

Desenham-se silhuetas dos futuros amantes na intenção, e, somente nela, de ser amado tanto quanto consegue amar.

Desenham-se silhuetas de um silencio gritante que, sabe-se, atravessa de um lado ao outro à busca incessante daquilo que não se consegue saber na real existência.

Feitos de silêncios gritantes todos, que fechados em si rodopiam, se escondem e se mostram tal como são na troca dos seus nicks denunciantes.

Feitos de silêncios todos que gritam seus sons que ensurdecem e amordaçam a razão perdida da busca daquilo que não se sabe onde pode estar.

Feitos de sons todos que no silencio das emoções se espalham. Todos aqueles que revelam para a razão, que não se importam com o desalinho em suas vidas feito carretéis guardados por muito tempo e em gavetas hermeticamente fechadas.

Feitos de sons o peito que explode nas veias inundando todo o corpo num arrepio de saber-se buscado. Mesmo quando a razão declara ser tudo ilusão. Mesmo quando a razão mostra a chave que pode trancar cada veia, cada poro, cada gota de suor nascida da emoção no silencio que fica em cada um dos lados opostos diante das telas iluminadas pelas cores das salas.

Feito de sons e silêncios os dedos que buscam num dicionário guardado nas prateleiras da emoção, todas as palavras que possam despertar em cada letra no som das teclas, um carnaval constante da alegria de poder contar na escrita o que descreve o desejo. O que descreve a ansiedade de saber compartilhado tantos silêncios e tantos sons, ultrapassando as fronteiras de um e outro como se o curso fosse natural para ambos... Como se pudesse sair magicamente do ambiente virtual e repousar no real, as emoções lá contidas e onde devem permanecer guardadas.

Silencios e sons descrevem as situações das muitas emoções contidas nas salas. Sons e silencios são como o néctar dos deuses neste Olimpo do imaginário dos internautas.

Silêncios e sons permeam o espaço aberto fora dos engenhosos mecanismos tecnológicos que sustentam a partir deles, tantas emoções. Tantos apelos, tantos desvelos do sentir.

Há coisas, cuja certeza da existência está declarada, mesmo no silencio... Mesmo que a razão apele para a suposta indiferença querendo calar os gritos que ouvimos durante a madrugada quando todos já estão dormindo, e as salas estão abertas e acordadas nas suas expectativas das silenciosas possibilidades.
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“Não existiria som
Se não houvesse o silencio...
(...) Cada voz que canta o amor
Não diz tudo que quer dizer
Tudo que cala
Fala mais alto ao coração
Silenciosamente
Eu te falo com paixão
Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silencios e de luz
Nós somos medo e desejo
Somos feitos de silencio e sons
Tem certas coisas que eu não sei dizer...”


(Certas Coisas – Lulu Santos)

segunda-feira, 23 de março de 2009

A adolescência no sentir
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Quantas vezes já nos dissemos que coisa de paixão é para os jovens que estão no frescor da idade e das descobertas.
Será? Será, que somente o frescor dos 18, 20 ou 21 anos proporciona paixões e emoções avassaladoras? Não creio.
Como mulher apaixonada sempre, acredito que qualquer idade pode ser a idade de uma grande paixão, de um grande amor, de uma grande virada na vida das pessoas. Principalmente na vida daquelas que acreditam que viver é respirar o melhor da vida.

(Este fragmento é do um texto de minha autoria intitulado Feliz Dia das Mães pra Mim Mesma – escrito em 2008).
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Pois é... tenho podido assistir de perto o desenrolar de muitas paixões e de muitos amores após os cinquenta anos. E, nada me surpreende mais.

Tenho sabido de pessoas que querem, e lutam tanto por esse querer, que desfalecem. E, jogadas em seus medos e conflitos são, então, abusadas em seus sentimentos. Viram presas fáceis demais (refiro-me a homens e mulheres).
Caçadas, são alimento para saciar a fome, não além disso.
Saciada a fome do caçador, viram restos de uma ceia canibal. Ficam lá. Deformadas. Expostas em suas amarguras para servir de alimento aos abutres.
Não se dão conta de todo este processo. Vivem para um fim que nunca chega.
Choram suas dores e espalham seus fétidos odores até aonde o vento possa levá-los.
Suas angústias das perdas em si mesmas tentam incorporar às outras vidas erguidas, e, que tanto lhes agridem em felicidade.
Essas entraram numa luta sem saber as armas que tinham à sua disposição. Sem saber o terreno em que estavam pisando. Sem conhecer o adversário, suas estratégias e qual estrago poderiam sofrer.
Para essas, o amor de nada valeu, porquanto nada dele puderam ter ou dar. Fizeram uma tremenda confusão entre “ter” o que queriam (e a qualquer custo), e o “sentir” aquilo que possivelmente poderiam.
Essas ficam sós. Muito sós...

Tenho sabido de outras que trapaceam, que subjugam o parceiro e os teem dessa maneira. Aproveitam da fragilidade do outro e fazem do seu pior estado, o estado de sempre numa parceria regida por enganos, traições, desconfianças, medos, tristezas... Tenho percebido que o jogo da sedução, mesmo no mundo virtual, em nada se distancia daquele que conhecemos, e bem, no mundo real.
Amor bandido!...

Tenho sabido de pessoas que, verdadeiras guerreiras, enfrentam de frente a cada dia, e de cabeça erguida, os conflitos que se estabelecem em suas relações. Mas, não antes de conhecer seus adversários. Mas não antes de saber em qual campo e o porquê da luta travada. Ponderam as situações. Estudam suas estratégias. Sabem das possibilidades dos adversários e não os subjugam. E, a cada derrota, choram. Gritam. Enxugam o suor do rosto e partem com tudo e com todas as armas para a conquista final.
Despem-se dos trapos das adversidades. E queimados estes, não se utilizam jamais das cinzas deixadas. Renascem em sua plenitude. Sabem alçar voo e reconhecer à distância uma áspide. E, teem garras suficientes para impor sua maestria.
Estas conhecem como ninguém o sabor das “manhãs e das maçãs”. Cuidam do amor como este cuida delas. Sentem e são sentidas. Amam! Fazem com o amor, amor bonito! Danado de bom!...

Em algumas pessoas, existe a delicadeza, que comparo ao aroma de uma fragrância perfeita.
Em outras o perfume forte exala um movimento cadenciado e alucinado (às vezes), provocando odores misturados ao suor e ao mistério – são odores de inquietação. Confusos, provocam desconforto em seus entornos.
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No geral, a demonstração de afeto a partir dos cinquenta, toma um rumo tal qual os rumos da adolescência. Neste momento o dito popular “para o amor não há idade específica”, se torna uma realidade.
Ele, o amor, é sempre adolescente. Tem sempre um sorriso interrogativo. E, a cada resposta uma exclamação de uma suposta surpresa, já que se esperava tal afirmativa.

É a adolescência, quem descobre a sutileza e quem sabe muito bem fazer uso dela. E, só descobre e faz uso, porque tem medo de abrir o peito. Então, meias palavras e poucos sorrisos permeiam o universo do que sente.

Às vezes, fico aqui diante das leituras que faço das salas, pensando em como estariam naquele momento as pessoas no real, vivenciando as emoções proporcionadas pelo virtual? Será que sentem o friozinho no estômago a cada palavra escrita? Será que a cada música oferecida elas se deixam levar pela melodia e podem até mesmo fechar os olhos e sentir cada nota como se estivessem sendo acarinhadas... acariciadas? Como seria na realidade o semblante de cada internauta apaixonado? De cada internauta surpreendido pelo amor virtual? De cada internauta no seu momento de glória e de desespero por conta de um sentir?
Mistérios... Mistérios...

É... mas a verdade é que a racionalidade para se entender um sentimento, perde toda a razão... rs...

Devaneio... Puro devaneio meu... e de tantos outros, que como eu pensam na força existente por detrás dos nicks nas salas. Dessa força existente e que somada às ondas desta rede, tornam pequeno este mundo virtual. E faz das salas um ponto de convergência de interesses regidos, na sua maioria, pela solidão do mundo pós moderno.

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1 Coríntios 13

O amor é o dom supremo

13 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
3 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
4 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,
5 não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;
6 não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. “

domingo, 22 de março de 2009

Brasilidade No Melhor Estilo

Um encontro intimista da Bossa Nova e do Jazz.

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Dia 27 de março às 21 horas no Café Restaurante Palácio - à Rua Buarque de Macedo,87 - Catete/Rio de Janeiro.

Sônia Reis (voz) / Henrique Silva (violão/voz) / Eliseu Jr (sax/flauta)

Ingressos a R$20,00 (com bônus de R$8,00) - reservas (21) 2556-6020

domingo, 15 de março de 2009

De perto ninguém é normal
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Sempre ouvi dizer que de perto ninguém é normal. Confesso, duvidei algumas vezes... rs... Mas hoje, em algumas situações devo admitir que realmente de perto ninguém é normal...

Voltando um pouco ao meu artigo anterior , segundo minhas observações das salas, os encontros reais e/ou virtuais teem muito pouca diferença no seu acontecer. Contudo, e passado um tempo e várias crises e desencontros, um reencontro pode ser tão dolorido quanto tudo isto.

Observando mais adiante, percebo que num reencontro existem mais cobranças do que pretensões de ser feliz. Existem muito mais acertos de conta do que aceitação daquilo ou daquele que habitou a saudade, enquanto esteve fora do convívio.
Aí a coisa começa a ficar complicada. O que era ou o que parecia ser normal em um e noutro, começa a ser reeditado (como se isso fosse fácil) para agradar ou ajustar a relação.

Assim como no real, essas relações começam a ficar tão frágeis, que correm riscos a toda hora de se quebrarem e/ou simplesmente evaporarem.
Só que no plano real, também como citei no artigo anterior, o fato de poder olhar nos olhos, garante o perdão tão esperado ou a tentativa da conquista deste. Os olhos marejados sempre foram potentes armas contra a falta de perdão. Sempre tripudiaram a razão.

Já no virtual, os olhos distantes, que estão, não saciam este desejo de poder tocar o outro. Enxergar o outro de tão perto. No virtual a razão é tripudiada mesmo sem que os olhos estejam marejados.

Fechar os olhos, para muitos, é perder-se para sempre num emaranhado de fatos, de dúvidas, de descrenças. Isto é o que propõe o virtual de forma declarada.
Então começam as exposições das fragilidades e das resistências de um e de outro. Começam os queixumes sobre poder ser ou não desta ou daquela forma – só que tudo isto, tendo por base somente as promessas escritas. Nunca faladas olho no olho. Mas ainda assim, expondo a essência de cada um, tão frágeis ficam nas situações de conflitos que vivem. E, aquilo que era encanto ao primeiro momento e depois na saudade, passa a ser queixa, defeito e instrumento do não querer mais – mas, querendo e muito!...

(risos...) Nesta hora a expressão “ninguém de perto é normal”, ganha o seu sentido maior. Ganha o seu pleno significado. Basta um reencontro para isto.
Perceber a fragilidade do outro dentro do conflito de ambos é uma arma tão poderosa que faz com que todas as revelações apareçam e, às vezes, com códigos em forma de quebra cabeças.
Instalada esta desorganização o duelo passa a utilizar-se das formas mais cruéis com riscos de ferimentos letais. E, nada pior do que matar alguém em vida. Mesmo que esta vida esteja no virtual.
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Cresci aprendendo com a vida, porque não há cartilha que traga este ensinamento, que, quando necessário desfazer-se de algo, é só colocar defeitos e/ou acreditar que não nos fará falta. É só acreditar que devemos passar adiante ou nos livrarmos de maneira tal, que nem vestígios fiquem, garantindo assim o equilíbrio da nossa sensibilidade. E, o velho e horroroso dito popular “o que os olhos não veem, o coração não sente”.

É... só que os tempos mudaram.
Hoje, o que os olhos não precisam mais ver, fazem tanto estrago quanto no tempo em que os mesmos viam, exergavam e almejavam.
Hoje esses olhos que não veem de fato a imagem, descobrem as mesmas coisas e vivem de maneira tão intensa quanto os que viam e enxergavam e almejavam. E podem mesmo chegar à conclusão que de perto ninguém é normal. Pelo menos, não dentro da normalidade sonhada num equilíbrio para uma relação a dois; ou nos padrões idealizados dentro do sonho de cada um; ou na maneira esperada quando ainda era sonho a conquista do outro; ou no sentido de se esperar que venha para dentro de cada um, e, em lados opostos, os mesmos anseios, as mesmas vontades, os mesmos desejos na hora de reencontrar.
Só e nestas situações o olho no olho faz a diferença, porque saber olhar com os olhos da alma é um exercício que se tem feito de maneira muito truncada nos chat’s.
Tudo é enorme, imenso... e, ao mesmo tempo, é tão ínfimo... tão frágil.


"Todos os nicks são pardos"

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(direitos reservados a uma amiga querida)

Dividindo meu pensar com uma grande amiga, cujo nickname reservo o direito de não citar, por questões óbvias, ela escreveu uma coisa interessante enquanto fiz um comentário relativo a tudo isto que percebo: “...todos os nicks são pardos”. Na hora, ri muito. Mas depois comecei a ler a sala e a relacionar o que lia às situações do dia a dia. E, num processo de associações, descobrindo as vertentes que nos levam sempre ao mesmo caminho – o da busca.
Este pensamento remeteu-me a outro no que diz respeito a uma pergunta muito comum nas salas: “O quê você busca encontrar aqui?” (risos). E, refletindo em cima de tudo sobre perdas e ganhos, encontros e desencontros, despedidas e reencontros, ser ou não normal quando se conhece de perto um e outro, chego à conclusão que as mesmas buscas que se dão plano real, encontramos no virtual. Então o que minha amiga comentou tem todo sentido mundo, porque ainda que possa parecer ser uma coisa diferente buscar no virtual aquilo que se encontra distante no real (engraçado a transferência... rs...), a busca se dá, não com seres diferentes daqueles que somos. Mas com todas as cargas de emoções que carregamos.
Nossas diferenças ficam por conta da forma de agir e reagir a esta ou àquela situação de momento. Aí, todos os nicks são pardos.

É somente uma questão de rever valores pessoais. Revisitar as próprias intenções em cima daquilo que se busca e aonde possivelmente se quer encontrar.
É acostumar-se a pensar que a cidadela chamada Sala de Chat, abriga todas as possibilidades de “ser ou não ser”. Mas, que, querendo, pode-se ser.
Não há uma regra de intenções que possa dizer quem pode ou quando ou como se pode ser num espaço deste. Se não for feita, primeiro, uma busca em si mesmo, todos os nicks serão pardos comparando-os de forma igualitária e simples. Mas, se esta busca se der de maneira a poder ao menos chegar próximos daquilo que somos em muitas situações (e somos muitos em nós mesmos), os nicks serão iguais pela diferença existente em cada ser que os carrega.
Esta diversidade de comportamento então, poderá ser a responsável por aquilo que iguala a todos, a própria diversidade de pensamentos.

O jogo das salas é muito rico e interessante, mas nem sempre podemos mover as peças deste xadrez e/ou encaixar no lugar certo o quebra cabeças.
As salas dão aos jogadores um poder de criador e deixam aos que buscam, o sentimento de criaturas. Portanto, refletir sobre o que poderia ser normal em cada um , me remete ao já pensado antes: no reencontro e na busca, de perto ninguém é normal!
E, concluindo, é isto que iguala a todos. Esta anormalidade a seu modo, e em cada um, reafirma a expressão “Todos os Nicks são pardos”!
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Sutis diferenças

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Pra você felicidade é

Relva tenra que cresceu no chão

Mas pra mim é fruta que no pé

Se oferece ao olho, à boca, à mão

Pra você toda a tristeza vem

Quando o sol descamba para o mar

Mas pra mim só quando não se tem

Para onde dirigir o olhar

Então nós dois

Sutis diferenças

Vamos combinar

Não pra saber

Quem vence ou não vence

Mas que luz vai dar

Pra você a vida deve ser

Como um rio que corre sem parar

Mas a mim não importa o correr

E sim o refletir, o luar

Pra você o medo vem do céu

Ou do Deus que não se mostrará

Mas pra mim o medo vem de eu

Não saber sequer se algum Deus há

Então nós doisSutis diferenças

Vamos combinarNão há no amor

(Caetano Veloso/Vinícius Cantuária)

domingo, 8 de março de 2009

Despedida e Reencontro
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O que dói mais, a despedida ou o reencontro? rs... Loucura? Definitivamente, não!
Toda despedida é quase sempre anunciada... Umas com desentendimentos, outras como projeto de quem as anuncia.

Por definição, “encontro”, segundo o Aurélio e, entre as suas várias definições, pode ser também o ato de “descobrir-se, achar-se” além é claro, das outras como: deparar-se com... defrontar-se com...

Imaginemos então o ato de poder encontrar-se a si mesmo a partir de um “deparar-se com" ou um "defrontar-se com..."

Situações como estas são bem comuns nas salas, com uma ressalva: o “deparar-se com” e/ou “defrontar-se com”, se dá de maneira quase revertida para um “encontrar-se” e/ou “achar-se” a si mesmo. Parece loucura, mas é bem por aí...

Pensemos as salas de chats como avenidas. Grandes avenidas de uma cidade estranha ao nosso conhecimento.
O trânsito e o ir e vir de pessoas muito intensos, às vezes desnorteiam o pensamento. E, quando isto acontece, o melhor é parar consultar novamente os propósitos e/ou endereços, para então seguir adiante.

No momento em que se dá a parada para reorganizar o curso que deveria ser seguido antes, o pensamento avalia rapidamente o fato. Nessa ponderação, o pensar nem sempre julga o que somente vê, mas espelha-se naquilo que também vê. Tudo que é visto tem um pouco de reflexo em quem vê. Tanto que, aquilo que é repudiado tem sabor amargo. E, se não fosse também composição de cada um, teria sabor algum. Daquilo que não tenho porção em mim, desconheço o sabor.

Assim começa o pensamento que me faz refletir sobre despedida e reencontro.
Desmembrando as palavras seria, numa forma simplória, assim: (des)pedida e (re) encontro.

No (des) pedida pode-se, também, ler: pedido de adeus; pedido de até mais ver; pedido de até qualquer dia; pedido de não me esqueça; pedido de “peça pra eu ficar”...
Assim, despedir-se traz em si uma dor que alucina os sentidos. Faz, antes do aceno final, a saudade exalar um odor de lágrima, suor e perfume de quem se (despe)de, pedindo que tudo isto aconteça e ao mesmo tempo.
O (des)pedir assim, dói... A gente sabe que vira saudade. A saudade fica num cheiro, numa música, numa imagem, numa mensagem... Mas tudo muito distante do tempo de agora. Fica lá no passado alguns minutos, algumas horas depois e alguns meses/anos, etc.
É aí que se dá o encontrar-se consigo mesmo. Penso este o pior momento, pois começa-se a questionar o inquestionável... o sentir! Começa-se a tecer regras que jamais serão seguidas. Fazem-se promessas que jamais serão cumpridas. E tudo para amenizar a dor da despedida. Da saudade... anunciada, antecipada.

O espelho é quem guarda a imagem da despedida e o apelo que ela traz em si. Lá ficam cravadas as imagens dos olhos sem expressão... distantes, ou simplesmente modificados pelo inchaço do choro.
Nessa hora tudo é horizonte perdido. Nessa hora o reconhecer-se em si mesmo é tudo que não se quer fazer, pois a fragilidade do ser apavora. Assusta. Consome. Marca. Contudo, numa despedida comum(no real) , digamos assim, pode-se ter a oportunidade do “segurar pelo braço” e do “olhar nos olhos”. E no silencio de um apelo, um abraço acontecer.

No plano virtual, a realidade(risos) é outra.
Imaginam-se tantas coisas, tantos gestos e tantas palavras... mas nada de concreto. Nada que possa dar alento, numa despedida nem sempre anunciada. Ainda assim as (des)pedidas e o/a despe(ir-se)didas acontecem.

A saudade no plano virtual toma uma dimensão muito maior, mais cortante.
No virtual a alucinação compõe com a saudade uma dupla de pecados que a toda hora cobra um pouco de razão no sentir de cada um. Razão esta que, se cobrada no plano real, muitas justificativas são dadas e também aceitas para e por elas. Mas, no virtual, fica como loucura. (risos) Aliás, uma loucura de muitos. E, se tantos já passaram por isto e, outro tanto ainda passa, seria bom entendermos de outra forma e não como sendo uma alucinação. Vamos entender então, como um estágio do sentir de uma forma não convencional. De uma forma mais desprendida de valores que somente se agregam num outro plano (o real), se vierem junto com as formas que se apresentam aos olhos – no caso, escolher o parceiro pela aparência e/ou pela posição social.

Assim, o encontro e a despedida no virtual teem um peso maior.

O encontro, sempre casual, demora a ser entendido. Só se percebe depois do defrontar-se com, ou consigo mesmo, a partir das semelhanças de idéias, de gostos, de apelos, etc. O virtual funciona como um jogo de espelhos...
Quase nunca durante o encontro percebe-se este como sendo um achar-se em si mesmo, isto é, ver no outro a própria imagem (claro, não em tudo).
Nesses encontros podemos entender a questão do “inconsciente coletivo” (Jung). Estamos num universo energizado por pensamentos cíclicos. Somos feitos da mesma essência, a humana. Nossa embriaguez do desejo, é a mesma em todo o universo ocupado por nós. Somos corpos que apelam, mentes que insinuam e veias que pulsam. Nisto, sem escapatória, estamos todos no mesmo barco... homens e mulheres!...

A (com) vivência virtual desses encontros modifica o comportamento e a vida de muitos no plano real. Para muitos oferece a esperança e o apego de poder sentir a vida na plenitude do estar ainda cheio de sonhos e desejos de concretizações – não tendo a menor importância de onde possam vir.
Para outros, a plena realização na conformação de, no anonimato, poder ser aquilo que se sonha todo o tempo. Sem ter necessariamente que ter doses em realismos exigidos por padrões definidos nas tribos de convivência real.

À medida que esse defrontar-se vai sendo assimilado, mais distante vai ficando a noção de que no virtual as relações se perdem de um momento para o outro, devido a facilidade que o anonimato propõe. Assim, quando a despedida surge dentro do reconhecimento da razão, a dor se instala de forma quase que irremediável. Só que, sem cheiro, sem braços para serem segurados, sem olhos para serem fitados e sem palavras ditas (talvez aos berros) num apelo do “fica!”, “stay”...

Depois disto, o desmoronamento é duplo... um no virtual. Outro, no real. O virtual traz para o real o que nele não coube... a grandeza do sentir! A irremediável combinação entre os corpos que desejam e ansiam, as mentes que insinuam (e aceitam) e as veias que pulsam.
Esta conjugação faz exatamente o que faz uma noiva deixada no altar ou um noivo abandonado à porta do Cartório Civil, enlouquece!

As salas a cada dia conjugam mais os verbos encontrar e despedir. Junto com eles vem sempre o despir e o pedir. Os verbos dão a forma exata na dimensão e no propósito de cada indivíduo no que ainda não conjuga e em primeiro plano: o “achar”. O achar-se a si mesmo para então e depois, encontrar-se com ou em alguém. Para depois então poder despir-se e não somente despedir-se de alguém a quem o afeto trouxe além do campo eletromagnético. Para que, na possibilidade de um reencontro, não se deixe baixar os olhos por não saber como olhar para quem deixou tantas feridas abertas.

Assim, penso, que tanto a despedida, como o reencontro (no virtual) teem sabor de um amargo que fica não só no paladar reconhecidamente como um dos mais perfeitos dos sentidos. Mas em todos os demais. Um amargo que escorre por todo o ser e, pior, de dentro pra fora. Saído das entranhas. Deixando à deriva um sentir sem dimensões. Sem perspectiva de um porto seguro.

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“...Mas pra saudade não tem hospital
Só tem um jeito de curar o mal
É só chorar, ver o tempo passar
Pra depois enxergar
O adeus, olá...”
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( Pare de me arranhar - Márcio Proença/Darcy De Paulo/Flávio A. De Oliveira/Marco Aurélio – interpretada por Simone)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Nem toda nudez será castigada
(para contrapor...)
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Sempre presto muita atenção nas mensagens embutidas nos nick’s. Muitos entregam de pronto aquilo que querem dizer mas, que por N questões, não o fazem. Claro, não me refiro a todos, e, nem poderia, porque os que me prendem mais a atenção, nem são os mais exóticos. Na realidade os mais simples e criativos, levam mais a minha observação. Esses sempre teem uma sutileza embutida, que postula um pouco mais de observação, principalmente em como agem nas salas.
Já comentei sobre a preferência dos usuários, por nick’s que divulgam a solidão. Parece sempre um apelo, um chamado para que alguém se aproxime e ofereça atenção, mesmo que momentânea.
Já comentei também sobre os abusivos, que, maioria das vezes, despertam um certo asco ainda que na virtualidade.

Mas, tem aqueles que ficam entre um e outro. Deixam quem lê, numa certa dúvida sobre o que estaria na realidade escondendo o usuário. Em dado momento parecem inofensivos, em outro ofensivos. Mas chamam a atenção pela sutileza e pela criatividade que conseguem despertar a atenção de muitos.

Na sala, fico observando como, quando no aberto, alguns desses são solicitados e como, a partir da conversa que geram, agem mesmo que suas perguntas e/ou respostas fiquem no reservado – o que aparece são as perguntas e respostas de quem com eles trava uma conversação. Sempre tem uma coisa ou outra que indica se o usuário do nick é educado ou não; se é abusivo ou não; se é galanteador ou não etc.

Certa vez vi entrar um nick que me despertou muita atenção, sua inscrição: “FicaNuaPraMim-H”. À primeira vista parece mesmo que alguém do outro lado quer que, quem com ele for teclar, assuma sua condição de fêmea e passe a se mostrar na sua intimidade.

Muito atenta que sou em relação a significados, fiquei por muitos dias observando este nick sempre que aparecia até que resolvi escrever alguma mensagem para ele. Dei-lhe os parabéns pela escolha. Claro, ele se surpreendeu, pois quando eu lhe disse que a mim o seu nick transmitia uma idéia meio poética da nudez sugerida, ele disse que a intenção era mesmo a outra, sem poesia alguma. Mas continuei a lhe dizer que a mim a nudez que era proposta no seu nick ia muito além de descobrir um corpo de fêmea. A mim, parecia mais um convite para que uma mulher se mostrasse sem reservas e confiasse naquele que ali estava.
Conversei por alguns segundos com o usuário do nick, que por sinal respondeu-me muito educadamente a todas as perguntas e autorizou-me a usá-lo aqui neste artigo.

O que quero relatar sobre isto é que o agrupamento das palavras da forma como se faz usando a criatividade, tem o poder de destacar mais a sutileza do que a “crueza” (rs...) de uma insinuação sensual.
Vi neste nick um apelo e um chamado muito além do simplesmente escrito, embora ele mo dissesse o contrário.
Vi uma chamada daquelas que uma mulher, ao ouvir do seu parceiro ou de quem ela deseja no silêncio, fica totalmente desarmada e se despe aos poucos na sua inquietação, na sua fragilidade de mulher que ama.
Vi um apelo do “fica aqui comigo na sua totalidade”. Uma nudez sem restrições ao que se pode sentir pelo ser amado. Os olhos fechados ao mundo numa entrega de corpo e alma. Numa entrega de fêmea, de ser, além de uma forma corpórea somente.
Vi uma chamada que encanta quando imaginamos as vezes em que podemos estar nuas diante de quem amamos. Sem vestes e sem palavras que nos vistam com o que não é necessário ser acobertado ou dito. Nuas, totalmente nuas no silêncio que nos for permitido neste encantamento.

O homem por detrás daquele nick, penso, não tinha idéia do que provocava na imaginação de uma mulher. Não na imaginação de uma somente “FÊMEA”. E, na imaginação de uma mulher, o ato de simplesmente tirar a roupa, não quer dizer que esteja nua. Ficar nua num apelo “fica nua pra mim”, é diferente de “tira a roupa pra mim”.
O “fica nua pra mim” nos faz tremer só em saber que alguém mais vai conhecer o que de mais íntimo possamos ter.

Diferente do “tira a roupa pra mim” que sabemos, os olhos de quem pede, fica fixo somente na forma do seu prazer e, só naquele momento.

O “fica nua pra mim” deixa um “q”de perfume misturado ao cheiro do amor. Mesmo quando o ato não acontece. Mas está ali, presente. Forte. Total!

O “tira a roupa pra mim” faz a gente lembrar que por um ou outro motivo, não se teve tempo de ir à academia ou dar umas pedaladas para manter a forma.

O “fica nua pra mim” faz a gente delirar e se mostrar como uma Vênus. Faz a gente entender de sedução na sua mais completa tradução.

O “tira a roupa pra mim” nos faz lembrar que depois temos que nos vestir, sair, e tocar o dia, a noite, a tarde, o tempo pra frente. Ele tem hora marcada pra acontecer.

O “fica nua pra mim” nos deixa viajar pelo paraíso, aonde os corpos assumem um tempo que somente a alma de quem ama sabe contar. E, este tempo não é um tempo comum aos mortais. Está além da nossa condição de meros contadores dos segundos, minutos, horas etc. O que menos importa é o tempo de depois. O momento presente dará conta de tudo. Será sempre presente, mesmo depois.

O “tira roupa pra mim” vem cheio de malícia que nos enche de noções sobre pecados carnais e dúvidas depois que mudamos a roupa. E, mesmo de banho tomado, parece que não conseguimos limpar a carne.

O “fica nua pra mim” vem cheio de promessas de uma ternura tal, que a sensualidade assume junto a um sentimento maior , as rédeas da situação com muita perspicácia.

São tantas e tão sutis as diferenças entre tirar a roupa e ficar nua, para uma fêmea somente e para uma mulher na sua totalidade, que penso não ser possível dar conta de todas com um número de palavras tão limitado do vocabulário humano.

São tão marcantes e tão delicadamente presente no corpo e na alma, que se misturam entre a razão e o sentir. Mas somente o “fica nua pra mim”consegue o equilíbrio com um e outro.

O “tira a roupa pra mim” sempre tira a razão, mesmo de quem a tem, porque trabalha com o cio.

O “fica nua pra mim” assume no desejo, toda a emoção que veio antes, ficará durante e voltará depois a qualquer momento invadindo a alma da gente com gosto de quero mais e, para sempre!

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“Escuta
Não fales mais ouve apenas
Que convite insinuante
Essa brisa fascinante, nos faz...

E agora
Fecha os teus olhos de leve
Deixa o meu rosto tão frio
Repousar sobre o teu colo macio

Não...
Não, não deves resistir
É amor e é tão bom
Não é pecado, pra que fugir?

Responde
Sofro demais
Por favor...
Alivia a minha dor
Dá pra mim o teu amor”

(Escuta – Johnny Alf)




quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Todo mundo em alguém
Todo o mundo em mim…

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Vivo me perguntando: quantas de mim, habitará em mim mesma?
Vejo em cada reflexo das ações do mundo, parte do que sou e, na hora em que sou. Às vezes, vejam bem, só na hora em que sou. Às vezes sem pátria, nem pai, nem mãe... rs...

Engraçado, ver, ler o movimento das salas. É bem isso.
É ficar tentando saber a cada palavra grafada, a cada expressão usada, quantos em cada um único nick podem existir realmente. É tentar imaginar, sem sucesso é claro, o perfil real de quem usa o nickname. Penso, às vezes, que nem mesmo o usuário sabe.
Nicks, são como cabrestos... rédeas frouxas, animal sem direção. É isso. Se, a ilusão do nickname fizer as vezes do nome social, acaba-se adquirindo personalidades de acordo com ele. Não há limite para a ilusão. O faz de conta vira verdade, incorrigível às vezes.

Como em todas as relações de convivência, nas salas a gente consegue peneirar algumas pessoas que conseguimos trazer para a convivência real. Isso às vezes nos custa um preço mais alto porque somos obrigados a andar na contramão do proposto pelas comunicações em rede.
Particularmente, consegui selecionar algumas pessoas para o meu universo particular. Uma dessas, tem sido uma grande aliada no que chamamos de “varredura”... (muitos risos). De tanto conversarmos sobre acontecimentos no cotidiano das salas, começamos a perceber alguns detalhes importantes na identificação de “tralhas”. Mas, como só perceber não conta, começamos a desenvolver uma espécie de defesa contra os “tralhas”.

DESCRIÇÃO DOS TRALHAS

Nota: definição de tralha, segundo o Aurélio é uma pequena rede de pesca que pode ser armada e/ou lançada por um só homem.

Tem sempre um kit preparado para iniciar a conversação, mas de maneira que envolva emocionalmente o nick atacado – no caso, o ataque é sempre ao nick feminino.
Sua conversa é cheia de mistérios, e quando escorregam em alguma coisa, retomam a conversa como se estivessem fazendo um teste com o nick oposto.
Dão sempre conselhos sobre estarmos atentas aos “lobos” existentes nas salas.
Discursam sempre sobre os perigos da net.
Sempre cordeiros e lobos, ao mesmo tempo, dizendo que assim poderão garantir a defesa de quem estiver com eles.
Amáveis, delicados no trato, gentis e sempre moram muito distante do local aonde se encontra o nick eleito para a aplicação do seu kit de tralhas.
Nunca se dizem bonitos, nem cultos, tampouco inteligentes...
Sempre se dizem sensíveis e que podem estar expostos aos grandes e nobres sentimentos, que por ventura, podem estar acontecendo ali naquele momento...

Claro, esta é a parte básica do kit dos tralhas. Diferente do kit dos chatos que inclui:

Vc tecla de onde?
Tem MSN?
Tem cam?
Qual a sua idade?
Como vc é?
Faz o quê?
É casada?
Tem filhos?
Gosta de sexo virtual?
O que vc procura aqui? (esta então mata qualquer cristão)

Além do famoso “oi, me add aí ... to on agora”

Mas, voltando ao kit dos tralhas, minha parceira de sala, era uma grande aliada para a detecção destes. Para sorte nossa e/ou azar deles (muitos risos), sempre acontecia deles apresentarem seu kit simultaneamente no nosso reservado. Assim, logo ao identificarmos o kit, comunicávamos uma com a outra e começávamos a dar muita, muita conversa ao pretendente dos nossos sentimentos mais puros. Ríamos muito entre nós. Mas sempre voltávamos com muita seriedade à conversa com o “tralha”. Depois conversávamos para encontrar pequenos detalhes que pudessem nos levar a um possível repetidor das mesmas besteiras – detalhe, muitos são tão bobos que não conseguem mudar a maneira de grafar. Outros, os mais freqüentes, já perceberam que estamos à espreita, então escrevem pouco. Tem até os que tentam escrever com erros absurdos de grafia, mas acabam colocando o “cedilha” e o “acento” sempre nas mesmas palavras. E, tem aquele que tenta confundir colocando seus erros ortográficos entre aspas. Mas, a conversa é sempre a mesma.
O tralha, é insistente. Muda de nick, fica por horas parado na sala observando tudo. E, quando perguntado se é o mesmo da outra vez, responde sempre que não.
É como uma naja, dança na frente da sua vítima. Desfila pra lá e pra cá. Só depois então mostra a língua.

E assim me pergunto: quantos anjos e demônios temos dentro de cada um de nós? O que nos faz crer que em determinado momento nossos demônios tem mais valor que os nossos anjos? Por que fica mais excitante brincar com nossos demônios e não com nossos anjos? Por que não deixar se misturar os dois num equilíbrio tão fantasticamente fascinante... o momento da descoberta do outro?!... Não importa de onde ele venha. Mas, se veio e está ali, por que não conseguimos manter este meio um , meio outro? Por que temos que nos fantasiar dando maior peso às nossas mais cruéis faces?

É obvio que nesta grande avenida desta cidadela chamada Sala de Bate Papo, os que estão ali, são homens e mulheres que pulsam. Nem de longe são adversários. Mas a batalha que se instala a cada momento é tão cruel, que muitos tombam... mas ninguém vence coisa alguma. Então, qual o sabor?

Minha parceira (hoje amiga) e eu, fundamos um clube no nosso MSN. Lá reunimos outras parceiras da sala, assim podemos discutir sobre coisas que podem nos manter alertas e formar um bloco de resistência a determinados comportamentos indesejáveis que encontramos a todo momento. Se, sexo frágil... pelo menos, não ininteligível.
Nossa empreitada nada tem a ver com quaisquer coisas relacionadas ao purismo das tribos existentes neste extenso corredor de convivências. Mas, é certo, que já está se espalhando (risos).

E muitas de nós somos apaixonadas, Senhores Tralhas, mas é pela vida!

Nossa capacidade de amar vai muito além das poucas mensagens recebidas nas salas e/ou, quando mais extensas, por e-mail – aprendemos algumas táticas do jogo.
Nas salas muitas de nós, vai para um divertimento quase impossível no dia a dia, o de encontrar com pessoas distribuídas geograficamente, equidistante.

Nossos anjos, tem o domínio dos nossos atos. Mas nem por isso deixa de respeitar nossos demônios.
Dizer quantas de nós existem dentro de nós mesmas, seria no mínimo querer contar estrelas... E o melhor para as estrelas, é serem admiradas!

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“Eu guardo em mim
Dois corações
Um que é do mar, um das paixões
Um canto doce
Um cheiro de temporal
Guardo em mim
Um Deus
Um louco
Um santo
O bem e o mal

Eu guardo em mim
Tantas canções
De tanto mar
Tantas manhãs...
Encanto doce
Um cheiro de um vendaval
Eu guardo em mim
Um Deus
Um louco
O Bem e o mal...”
(Danilo Caymmi)



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Pensando Possibilidades...
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Pensando todas as possibilidades… É isso! Nada de deixar que uma brecha, por menor que seja, permita a saída de possibilidades.
Assim é o dia a dia das salas.

Diante de muitos fatos, muitas idéias, muitos conflitos neste campo imenso de encontros casuais e/ou marcados algumas vezes, a perspectiva de se concretizar alguma coisa junto a alguém fica sempre no “pensar tal possibilidade”. Seja no campo profissional, que tenho visto muitas conversações a respeito e, em diversificadas áreas, como também no campo das relações pessoais.

Pensar possibilidades assegura a certeza de que todas as coisas a cada tempo devido possam vir a se ajustar... de uma forma ou de outra. Claro, que pensamos sempre neste ajuste, de forma a satisfazer nossos anseios... rs...
Pensar possibilidades, então poderia ser aquilo que chamamos “esperança”. Só que a esperança reside num caráter místico, quase religioso. Já a possibilidade não. Ela encara o fato e enxerga prós e contras. Não é uma mera espectadora da vida à espera de um milagre.
Na falta da esperança, o que fica é a desesperança. Deixa-se, muitas vezes, que a desmotivação ocupe largos espaços na vida. Já com a possibilidade isto não acontece. A possibilidade sabe lidar com prós e contras a cada momento vivenciado... tem caminhos tantos, quantos tem os caminhos da vida a cada novo amanhecer. O que agora não pode, no virar de uma esquina pode se apresentar como possível. A diversidade existente na vida, na sua totalidade, garante possibilidades. E, sem caráter místico, quase religioso.

Possibilidade reside na busca e no encontro. Postula observação em mínimos detalhes, mesmo naqueles quase totalmente ocultos aos olhos. Vem no sentir, que é traduzido por uma frase dita ou escrita num momento, enquanto uma música faz pano de fundo ou no que é escrito e deixado num correio eletrônico para ser lido horas ou dias depois.

Possibilidades, mesmo vista nos “contras”, é sempre “ida”. Nunca é volta. Até nos “contras” encontramos outras possibilidades. Entendemos aí a criação humana. Criação que não se encerra num ponto final. Mas que tem vírgulas, interrogações e reticências...
Possibilidades, entende a obra aberta que somos. Entende o que são as nossas verdades, as nossas ilusões que buscam virar verdades. Entende a nossa arrogância na luta contra a simplicidade do “não” dito agora, desbancando nosso sorriso.

Possibilidades, amplia horizontes, multiplica saberes que encontramos a cada busca. Cria um novo hoje, um novo agora – mesmo sabendo-se que agora e hoje serão sempre novos. Mas, “possibilidades” dá esta dimensão aos fatos. Nos faz ver que tudo um dia foi possibilidade de acontecimento e que aconteceu... acontece, e continuará acontecendo.

Possibilidades, nos remete ao pensar que, mesmo com atrasos de 34 minutos, 34 horas, 34 dias, 34 meses, 34 anos... sei lá, tudo pode ser. Tudo pode acontecer em 34 pequenas frações de segundos.

Possibilidades, trabalha com o que é subjetivo. Portanto, trabalha com o que é verdadeiro – a vontade, o sonho. E o sonho é o mais real que temos em nós, porque é a partir dele que concretizamos coisas. Tudo existente um dia foi sonho em todos os planos. Aquilo que é objetivo só tem espaço no real, porque passou pelo sonho de acontecer. Foi pensado como possibilidade de acontecimento real.

É assim o mundo virtual. Trabalha em cima de possibilidades de acontecimentos a todo instante. Assim como Bill Gates um dia trabalhou a possibilidade de desenvolver uma memória fora do humano, mas que pudesse ser aliado deste nas possibilidades tantas de se comunicar com um universo desconhecido, mas possível. Real numa outra dimensão. Vivo. Pulsante. E, que faz parte de uma cadeia de sentidos reais que temos em nós.

Pensando possibilidades... eis-me escrevendo, e você aí desse lado lendo. Isso é tão real quanto é real a ponta dos meus dedos no teclado buscando tantas palavras para explicar o que sinto em relação às relações interpessoais das salas de bate-papo.

Pensando possibilidades, sei que alguns que chegarem até aqui, terão algumas frações de segundo para repensar possibilidades e não deixá-las passar como se fossem coisa qualquer na vida que é tão importante.

Pensando possibilidades, penso numa música (romântica, sempre ouço as muito românticas... estilo pessoal), que tem um verso muito interessante: “...volta no vento... haja o que houver...” Possibilidades são assim, elas vão sempre em frente e, num dado momento elas retornam até o lugar em que nos encontramos e nos estende a mão para que possamos enxergar outras e novas pos-si-bi-li-da-des!!!

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“O homem imagina que é o próprio mundo que está sobrecarregado de belezas – e se esquece enquanto causa dessas belezas. Ele e ninguém mais foi que acumulou delas o mundo, ai!... de uma beleza muito humana, nada mais que demasiado humana!...” (Nietzsche)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Porta de Entrada...
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Como é que chega o amor?
Chega como chegam as pessoas nas casas dos outros? Batendo à porta? Tocando uma campainha? Batendo palmas ao portão? Mandando antes uma carta, um bilhete, um e-mail, uma mensagem pelo MSN ou deixando um recado na secretária eletrônica dizendo: “Estou chegando, se vira!”?!... É assim que ele chega?
Será que alguém o vê passar livre e despreocupado pelas vielas, ruas, avenidas, e sabe exatamente o lugar certo aonde ele pode ir?
Será que ele usa roupas, acessórios ou perfume que identifique quem é?
Será que tem voz de quem canta a melodia que a gente gosta de ouvir e através dela, como na poesia de Homero, vem como o canto das sereias?
Será que ele chega como numa brincadeira de pique esconde e nos dá um susto tremendo e grita: “TE ACHEI!”, e sai correndo pra se esconder novamente, enquanto a gente fica buscando os lugares onde possa estar escondido?!...

Será que chega com as flores e o frescor da primavera e anuncia que tudo são cores, perfumes, pétalas?!...

Será que chega como chega o verão, desesperado com as altas temperaturas? Alucinado por água fresca e sombra amiga? Alucinado por uma brisa mansa, que passe e toque na pele deixando, depois do suor, um frescor inigualável?!...

Será que chega como chega o inverno? Encolhido e desanimado sem querer sair de casa por causa do frio lá fora?!... Cheio de vestes pesadas e de cores fechadas que nos protejam das baixas temperaturas e nos escondam nas formas que temos, pois afinal é inverno e todo mundo engorda?... Cheio de tristeza pelos dias cinza da estação?...

Será que chega como chega o outono que forra o chão com as folhas que adubam o solo e dão o frescor necessário à terra? Que limpa os galhos das suas folhas mortas? Que mostra a forma exata de uma árvore? Que ensina e prepara a vegetação para a próxima estação?!...

Aaaaiiiii... de quantas formas chega o amor? Em qual estrela ele brilha? E por que brilha tão distante às vezes?

É... É assim mesmo que se apresentam os amores via on line, também.
Num misto de perguntas e supostas respostas.
Num misto de certezas do momento e todas as dúvidas do depois.
Num misto de alegria do agora e um vazio sempre, daqui a pouco.

São intensos...
Tenho a impressão de que seria como se quiséssemos esticar o braço para poder tocar uma estrela que talvez saibamos estar morta faz tempo, mas que vemos daqui o seu brilho ainda. E, num plano muito além do que possa sonhar nossa vã filosofia.

Li na tela uma conversa de dois nickname’s. Um deles dizia estar mal e outro perguntou-lhe: “Por que amigo?” Sua resposta: “Arrasado... aquela filha da puta está me deixando louco.” O outro: “Sai dela, deixa ela virar ex...” Ele: “Não consegui ainda porque ela é muito atual.” O outro: “Mas vc se encantou com uma mulher de mentira.”
Ele: “É, sou babaca... mas o que eu sinto é de verdade.” O outro: “Já viu na real? É gostosa? Porque se for vale à pena tudo isso, se não for chuta fora.” Ele: “Conheci sim, mas acho que estou amando a pessoa errada...” - Parei de ler o diálogo deles aí neste exato momento: “... acho que estou amando a pessoa errada.”
Foi então que me vieram tantos questionamentos sobre como chega o amor nas nossas vidas.

Eu não me lembro de ter lido nunca no rosto ou no corpo de alguém, que aquele seria o parceiro ideal para compartilhar o meu amor. Não lembro ter visto, da mesma forma, em alguém, que eu seria a pessoa que a bula indicava. Não lembro de alguém ter dito o lugar, a hora e como eu deveria estar para que encontrasse ou visse pelo menos a uma certa distância esse amor. Nunca soube disso.

Fiquei ali, com os olhos pregados na tela.
Passado alguns instantes, resolvi perguntar, no reservado: “Ei amigo... está tudo bem?” Ele: “Não está não... tô malzão. Vou sair da sala. Estas músicas pioram meu estado. Obrigado.” - Lá se foi o nick...

Continuei a imaginar como deveria estar sua expressão naquele momento. Como poderia estar todo o seu corpo refletindo aquele momento único. Entre o saber o que estava sentindo e o não saber o quê fazer com isto. Como poderia estar esse olhar? Esse corpo?

O meu, estava aqui... cheio de dúvidas. Cheio das estações do ano. Cheio das estrelas inatingíveis. Cheio das certezas momentâneas e das incertezas do depois. Cheio das esperanças do agora e da desesperança do “Fazendo Logoff”.

Como é que chega o amor?
Se alguém souber, me manda um e-mail, ok? Aguardando então...
Beijos!
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“Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias em que não te vi
Como de um filme ação, que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho pra encostar no teu
Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites sem me refazer
E pela porta de trás da casa vazia
Eu ingressaria e te veria
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer”

( Valsa Brasileira - Edu Lobo/Chico Buarque)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

APURAR…
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Penso que a toda hora deveríamos fazer um balanço de tudo em nossas vidas.
Esvaziar armários, desocupar espaços, limpar gavetas... coisas do gênero.

Em, se estando numa grande festa, escolhemos a bebida e os quitutes que queremos saborear. Mas, antes de lá chegar, passamos pelo processo da escolha da roupas, sapatos, maquiagem, perfumes a serem usados. E, tudo isso tem um valor inestimável.

A escolha da roupa nos define como poderemos estar naquele momento para quem possivelmente nos avistar, e somente isso; ou para quem direcionarmos nossas intenções quando e ao sermos observadas, provocar um afã.. Contudo, a escolha pessoal passa antes pelo crivo do nosso desejo em estar com cores que selecionamos, modelos que apreciamos e com os quais melhor nos adequamos etc.

A escolha dos sapatos... ahhhh!, os sapatos. Eles tem que ser absolutamente confortáveis. Não podem estar nem maiores nem menores em nossos pés. Eles tem que estar ajustados com tudo: com o peso do nosso corpo, com o tamanho das nossas pernas, com a cor das nossas vestes e numa combinação sutil com todos os acessórios que usarmos para esse momento.
Os sapatos são tão importantes, que nos conduzem na postura que devemos ter diante de situações. Nunca numa situação desagradável, neste estado de festa, e estando com saltos altos, ousaríamos sair batendo com os pés. Seria suicídio. Portanto, a escolha dos sapatos é tão importante, que parece que depois de escolhidos, eles é quem nos levarão à festa.

A escolha da maquiagem passa por um critério de seleção não menos importante que a do vestido e a dos sapatos. Mas, com um detalhe mais especial: ela estará realçando nosso olhar, nosso sorriso, nossas reações de contentamentos ou descontentamentos nesta grande festa. Ela alongará ou diminuirá os traços já existentes em nosso semblante. Ela cobrirá, ocultará ou deixará em evidência aquilo que gostamos mais em nosso rosto ou aquilo que faz parte, mas que gostaríamos de extirpar. Ela poderá despertar surpresas em quem nos vê, a partir do ângulo em que estaremos sendo vista. Se próximo talvez, e uma maquiagem carregada, poderá acentuar as imperfeições. Se a uma distância considerável, pode parecer que tudo está perfeito no conjunto. Mas o melhor seria que ao sermos vistas, pudessem os olhos de quem nos vê, olhar a maquiagem somente como um adereço suavizante na composição de um “estado de festa”. Aliás, é justamente para isso que ela serve... suavizar, depois de escolhida de acordo com o tom da pele, dos traços do olhar, do contorno dos lábios e dos anos decorridos em experiências de vida.

A escolha do perfume...
A escolha do perfume... esta é fatal! Os perfumes tem que ter em suas essências aromáticas a composição perfeita para a nossa pele e a nossa emoção. Eles devem conter a fragrância que se misturada ao suor provocado por uma ou outra situação, não revele nosso temor ou nossa excitação. O perfume tem que acompanhar o estado de sutileza do nosso “estado de festa”. Se assim não for, corre-se o risco de, ao passar, deixar uma legião de narinas sem saber que passamos. Sem saber que escolhemos roupas, sapatos, maquiagens e vestidos para o nosso estado de festa.

DEPURAR...
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Nosso estado de festa tem que obedecer a alguns critérios básicos para que tudo aquilo que apuramos possa valer à pena.

Tudo que apuramos, por conseguinte, ao passar para um outro processo, nos colocará em estado cristalino. E, neste estado, é que saberemos se o conjunto das nossas intenções em estar em estado de festa se concretizou ou não.

Um estado cristalino é muito além de um estado de ser e estar somente através de um vidro, de uma janela. Ele mostra toda a composição da nossa imagem, que mergulhada em nós e na nossa emoção, nos dá a medida certa para realçar tudo que apuramos.
Um estado cristalino faz da nossa festa o cristal que desejamos ter às mãos. Faz com que tenhamos um zelo maior ao cuidar desta, pois sabedores (e quando não, deveríamos) que somos que os cristais batidos, fissurados ou ulcerados, nunca mais poderão ter o mesmo valor. Cristal quebrado, não cola. Cristal quebrado é como doença que não cura. É como beijo perdido. É como pássaro sem vôo. É como Poeta descrente. É como orquestra sem maestro. Como melodia abandonada a mercê do barulho das armas, dos conflitos.
Depurar, não pode nos deixar cristalizados. Depurar deve nos manter cristais.

Tudo isto acontece nas salas.

O estado de festa, os cristais estão presentes em cada demonstração de conduta, mesmo à distância. Mesmo virtual.
O estado e a jóia, separados somente por instrumentos que intermediam este contato. Separados somente por fusos. Separados somente pelo “imaginar” como pode estar o estado de festa do outro lado. Uma festa que a qualquer hora pode acabar com gosto de quero mais ou com a sensação de que nada foi apurado devidamente para entrarmos no salão principal. Uma festa que pode, num momento qualquer, numa dança mais frenética, numa nota mais vibrante da melodia, fissurar o cristal que se tem. E, que sabemos se quebrado, jamais poderá ser colado.
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Provérbio chinês

“Quatro coisas não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado.”